A internet é uma praça livre e aberta ou precisa ser controlada? Há cada vez mais pessoas decidindo aquilo que nós podemos ou não falar e em que devemos ou não acreditar, nos jogando num conflito aberto com a realidade. Mas como isso começou? E onde vai parar?
Há uma idéia que parece passar diariamente pela mente de pessoas muito poderosas e extremamente influentes no mundo: e se a internet não tivesse existido?
Essa hipótese foi expressamente enunciada pela família Rockefeller — uma das dinastias globais mais ricas e politicamente ativas do mundo —, nas palavras do Senador Jay Rockefeller, do Partido Democrata, que, em 2009, afirmou: “a internet nunca deveria ter existido; deveríamos ter continuado a usar papel e caneta para sempre”.
De fato, a internet tornou-se um problema para as elites globais, porque deu o poder de as pessoas terem conhecimento de fatos reais quase simultaneamente ao seu acontecimento, sem limitações ou adaptações, além de participarem mais diretamente da vida política e de cobrarem os políticos. Ela possibilitou que todos pudessem atingir e falar sem intermédios e limites geográficos umas com as outras e com aqueles que as representam — e, de certa forma, tornar públicos os próprios anseios e vontades.
Será coincidência que o controle das informações hoje é tão amplo na internet? Sob o pretexto de evitar ataques cibernéticos (era o tema do Senador Rockefeller à época), fake news, desinformações e discursos de ódio, controla-se exatamente o que se pode dizer, no interesse das grandes corporações e poderosos.
Essa afirmação de Jay Rockefeller vem bem a calhar com o momento de censura global, por vezes, perseguição virtual e mesmo banimento total das redes sociais.
…cada vez mais pessoas decidindo aquilo que você pode ou não falar e em que pode ou não acreditar…
Mas por qual motivo algo assim acontece?
Bem, vale lembrar de quando teve início uma grande discussão para saber como as autoridades iriam “controlar” a internet, dentro e fora do Brasil.
No caso do nosso país, entre os anos de 2019 e 2020, foi criado um comitê gestor da internet que promoveu, um mês antes da instalação de uma CPMI, um seminário a respeito das fake news para discutir propostas de enfrentamento à desinformação na internet — tudo isso tendo como foco as campanhas eleitorais.
Nele se propunha fazer uma “governança” da internet, já que ela, “dentro de uma desordem informacional, produz efeitos nefastos à sociedade, além de ser uma ameaça à democracia e às instituições”.
A Dra. Madeleine de Cock Buning (que veio palestrar aqui no Brasil), responsável por direcionar o relatório da União Européia sobre o controle da internet “para evitar fake news”, compôs um grupo de experts, chamado Grupo de Alto Nível, sobre Fake News e Desinformação On-line.
Madeleine Cock Buning
Cock Buning possui artigos publicados na ONG Project Syndicate, que tem como um dos principais colunistas e apoiadores ninguém menos que George Soros.
Esse grupo produziu um relatório destinado a demonstrar como seria controlar a internet, e como, nesse ambiente, combater as fake news. Ele montou a estratégia ideal sobre o que é preciso fazer para o Estado e as grandes corporações regularem a divulgação de conteúdos online.
Grupos como esse sempre vão dizer que estão defendendo a liberdade de expressão, porém, o controle está nas entrelinhas: eles sempre vão defender a liberdade para o que ELES quiserem dizer.
Ainda nesse relatório foram usados termos como investigar, monitorar, controlar, saber conectar quem está usando robôs, saber quem paga os influenciadores, as “milícias digitais” — todas palavras que passaram a fazer parte do noticiário político e midiático brasileiro nos últimos anos.
Será isso uma coincidência ou o Brasil seguiu o manual?
Eles também propunham treinar jornalistas para que sejam eles os únicos que “promovem imparcialmente a verdade” e “checam os fatos”, dentro do que chamam liberdade da mídia, porque, afinal, a mídia verdadeira é a deles, que atua a favor dessas grandes elites.
Não é à toa que a Fundação Bill & Melinda Gates, do grande globalista Bill Gates, deu mais de 319 milhões de dólares para diversas corporações de mídia, conforme comprovam documentos liberados no ano passado.
Qual a isenção desse pessoal?
Infelizmente, o mundo conectado já se acostumou com certas situações e, muitas delas, parecem agora normais.
Vou explicar melhor.
Governos e grandes empresas de tecnologia costumam repetir que informação também é uma questão de saúde pública, que precisamos conter o avanço das Fake News, acabar com a desinformação e o discurso de ódio…
Você já deve ter ouvido tudo isso. Mas talvez nunca tenha pensado na gravidade da situação.
Aparentemente, de uma hora para outra, os governos e as grandes empresas de tecnologia e mídia passaram a controlar ainda mais as nossas vidas.
Controlar a definição do que é uma notícia falsa e uma desinformação na internet é o maior poder que alguém pode ter…
Agora até o que você fala precisa se submeter a um critério escolhido e definido por alguma pessoa desconhecida — muito provavelmente, um burocrata não eleito em alguma dessas organizações internacionais que mandam em tudo.
“Ah, Taiguara, mas as coisas precisam de controle. As pessoas precisam se informar com segurança. É para o bem de todos…”
Será mesmo? Você percebe que a própria informação sobre esse assunto está cada vez mais restrita às mesmas coisas de sempre? Que até isso segue um padrão? E que esse padrão vem se revelando repetidamente falso?
Que há cada vez mais pessoas decidindo aquilo que você pode ou não pode falar e em que se pode ou não acreditar, jogando você num conflito aberto com a realidade?
A origem desse fenômeno remonta à Revolução Francesa.
Um dos teóricos famosos da revolução, Rousseau, cunhou um termo que, depois, nos Estados Gerais (a grande assembléia montada para definir os rumos da França) veio a se tornar a alma do negócio: Vontade Geral, uma vontade única que representaria os interesses de toda a nação.
Isso é muito bonito no papel, mas… Quem é que define essa vontade geral?
Pois é: os burocratas, os políticos, o Estado, a imprensa, os institutos de pesquisa…
Em resumo: aqueles que mandam no que se chama “opinião pública”, ou melhor ainda: opinião publicada, porque não reflete a posição das pessoas, mas é o que os jornais publicam como se refletisse.
Você consegue ver a gravidade disso?
Em nome de uma “vontade geral”, que muda de acordo com quem exerce o poder, todo tipo de absurdo pode se tornar justificável.
Basta que aqueles que controlam a “opinião publicada” comecem a falar todos nisso, seguindo os mesmos padrões, em unanimidade absoluta.
No fim, é essa “vontade geral” que decide aquilo que você pode ou não pode dizer.
Hoje é sobre fake news, desinformação, discurso de ódio… E amanhã? E daqui a alguns anos?
E quando for sobre sua filha pequena? Seu bebê recém-nascido?
Alguém poderá — se é que ainda se pode — falar sobre os malefícios dos métodos contraceptivos? Ou mostrar como é terrível um aborto? Os problemas causados pela pornografia? Sobre planos de esterilização forçada?
Quais serão as próximas informações controladas? Quais serão as próximas fake news, que impedirão a discussão e o debate de assuntos incômodos aos poderosos?
Não podemos nos enganar e pensar que isso é passageiro: já está aí há muito tempo, e uma das maiores, senão a maior, guerras dos nossos dias é a guerra da informação.
Por que você acha que, de repente, todo mundo começou a falar sobre essas coisas?
Controlar a definição do que é uma notícia falsa e uma desinformação na internet é o maior poder que alguém pode ter: quem controla isso, controla aquilo em que as pessoas podem ou não podem acreditar.
Hoje, quando os donos do poder não concordam com uma opinião que os ameaça, eles investigam seus opositores com a acusação de disseminação de notícias falsas e coisas do tipo.
No fundo, alguns poucos vão dizer que o problema é um só: que a internet nunca deveria ter existido.